animaxenomoi

uma incursão à verdade imposta pelo estranho e externo ao homem

Coisas estranhas acontecem logo ali

     


Registro do estranho clarão, cena achada na internet

 
    Dia 20 de junho de 2025, por volta das 18 horas, adiante daquele momento se posicionava apenas o início do inverno, marcado oficialmente para 23:42. Era uma noite chuvosa desta época que antecede o inverno e é marcada por frio e precipitações. Num momento inesperado – afinal, estas coisas nunca são esperadas –, as pessoas, preocupadas com o mundial de clubes ou o preço dos itens no mercado, foram pegas de surpresa. Um clarão fez-se ver por toda a cidade, seguido de queda de energia em vários bairros. A explicação que foi dada era bastante simples e direta: problemas envolvendo transformadores na subestação do São Basílio Magno. Não seria a primeira vez e nem um acontecimento fantástico dentro dos eventos que marcam a vida de uma cidade. Contudo, alguns relatos e fatos chamaram atenção, não de modo a estabelecer uma evidente causalidade entre todos, ou uma relação de pertencimento à mesma ordem. Contudo, é interessante mapear os fenômenos que ocorrem juntos e tentar pensar em relações mais além do que é mais evidente. Esse tipo de prática raramente é posta em ação e pode deixar de lado vários fatos estranhos que podem ter alguma afinidade em algum estrato mais oculto do que o que se manifesta nos olhares comuns dos dias que passam.
    Segundo relato de RCM, morador do bairro Cristo Rei, lá ele observou o clarão fortemente, descrevendo-o como “um clarão no céu". Ele, que já morou perto da subestação do São Basílio, afirma que nunca foi visto um clarão semelhante, que era muito longe para ser visto naquela intensidade e, além de tudo, "vinha do céu". A distância entre os dois pontos, Cristo Rei e subestação, em linha reta, é de quase 5km.
    O clarão chamou atenção de muitos, porém, há relatos que se somam a este e enriquecem toda essa atmosfera com ar de mistério. O mesmo RCM relatou que, na semana anterior e nos dias que precederam esse acontecimento, sua esposa viu estranhos objetos voadores não identificados sobrevoando a região, em especial por cima do Muzzolon. Em um dos avistamentos, a testemunha imaginou que os diversos pontos eram a estação espacial internacional, mas tudo sumiu misteriosamente. Porém, logo depois, surgiu um objeto que era grande, rápido e que não emitia som, levantando a suspeita de que fosse um drone. Depois, surgiu uma bola branca no céu e sumiu rapidamente.
    Os avistamentos nesta região em específico não são inéditos; estas testemunhas não sabem, mas há outras testemunhas de estranhos objetos naquela mesma região e neste mesmo ano. Outros relatos descrevem objetos voando lentamente sobre o morro que fica junto à Ponte do Arco, como se estivessem "escaneando" alguma coisa, buscando algo. Muitas vezes, esses objetos seguiam em alta velocidade ou desapareciam. Foram várias as testemunhas que encontraram, nos céus, vislumbres desses artefatos luminosos e indecifráveis que, por algum motivo, seguidamente vinham tomando os céus.
    O morro de que falamos, do qual desconheço um nome oficial, frequentemente referenciado como "Morro da Ponte do Arco" ou "Morro do Bugio", é um local emblemático na silenciosa mitologia local. Para início, é um morro que se posiciona muito próximo ao centro, fazendo com que a estrada o contorne logo que se sai da Ponte do Arco, pois, em algum momento, acreditou-se intransponível ou imponente demais para se usar como caminho. Desconsiderando o relevo, a área da região passa dos 3 km². Números podem ser difíceis e quem olha o morro ou o contorna não possui uma verdadeira noção do tamanho desta região em termos práticos. Então, exemplificando, caso se trace uma linha contornando toda essa região, desconsiderando a elevação (que aumentaria bastante a área total) e se transfira este traçado para cima de União da Vitória, ele cobrirá todo o centro, bairro São Bernardo e diversas outras partes, invadindo parte do centro de Porto União. O terreno deste morro é imenso, e permanece lá, como um gigante à espreita da civilização que corre todos os dias atrás de seus pequenos objetivos citadinos.



   

    Contudo, tratar da geografia do morro é assunto mais complicado, pois o que chamamos de morro compreende mais de uma formação nesse sentido. Conforme se pode avistar de algumas partes da cidade, como das proximidades do CTG, aquele paredão imponente logo após à Ponte do Arco é um primeiro morro, que é seguido de outro maior. Inclusive, o topo desse grande morro, segundo os mapas de elevação, chega aos 964m de altitude, sendo que a estrada da ponte está a cerca de 751m de altitude. O morro tem seu cume mais alto que os morros do Cristo e da Cruz (942m e 921m, respectivamente). Creio ser possível ter alguma noção da grandiosidade desta área que abordamos neste texto. Trata-se de um local imenso.



Deste ângulo, é possível ver dois morros que formam o local; o primeiro, mais baixo e logo após a ponte, e o segundo, muito maior e imponente
   

    Evocando experiências pessoais, já adentrei algumas vezes, em grupo, nestas matas. Na primeira vez, havia um veado na estrada próxima à ponte. Procurávamos um local para entrar no morro pela primeira vez e aquela criatura surgiu da mata íngreme como que sinalizando um caminho. Ao nos ver, correu novamente para a floresta e optamos por seguir o seu rastro. Caminhamos muito por aquela mata e nos perdemos, vagando por horas até conseguir sair em uma chácara no Dona Mercedes já pela noite. Em outras vezes foi possível contemplar mais a floresta e os caminhos, especialmente numa incursão que se deu no inverno de 2014, quando fazia 5°C e passei a noite por lá junto a amigos e uma fogueira. Encontramos araucárias majestosas, que precisam de algumas pessoas para abraçar o seu tronco; imbuias esquecidas que sobreviveram ao ciclo da madeira; matas fechadíssimas repletas de espinhosos inhapindás que atraem os estranhos a perfurações inevitáveis durante o desbravar das matas. O caminho, que carece de trilhas quando mais adentro do território, é de difícil translado, contando com um relevo bastante acidentado. Quando dentro do morro, parece que se desce e sobe vários morros diferentes, facilitando a desorientação.


A visão frontal do morro, onde aparenta haver apenas um morro, não muito alto, ocultando-se a maior elevação que sucede esta primeira. Essa foto de 2012 também serve de comparação com uma foto mais atual para se ter ideia das mudanças gritantes que ocorreram na região



Foto do mesmo local em 2025



Exemplo de deslizamento ocorrido na área há alguns anos

    Talvez pelos ares mágicos da juventude, a atmosfera daquele morro parecia diferente da encontrada em outros. Em outros morros, havia uma sensação de natureza degradada, como se estivesse "na natureza", mas, ao mesmo tempo, também não; neles havia resquícios do desperdício humano como latinhas e embalagens, e uma sensação de que o local havia sido violado de alguma forma. Muitas matas, como a do Morro da Antena e mesmo do Morro da Cruz, passavam a sensação de que haviam sido contaminadas por algo de negativo humano. Com isso, não defendo que o humano contamine automaticamente esses ambientes que tendemos a projetar uma qualidade de pureza virginal, mas que muitos usavam aqueles lugares para atividades questionáveis e deixavam, assim, suas marcas visíveis ou invisíveis. O desmatamento, o descarte de lixo, o abrigo para satisfazer os vícios ou mesmo crimes variados. Tudo isso parecia impregnar certas localizações com um ar distinto e um tanto agressivo. Naquele morro além da ponte, lá para dentro dos seus domínios, não se sentia isso.
Porém, o papel desse morro vai muito além de sombrear o Dona Mercedes e conceder fria umidade à sombra, vai muito além, também, de repousar em si mesmo como território fechado e preservado. Conta-se em conversas já antigas e passadas de geração em geração que o antigo monge João Maria havia profetizado que, um dia, esse morro tombaria no Rio Iguaçu e isso causaria uma grande enchente. Esta, supostamente uma das profecias ainda não realizadas do Monge, parece, aos poucos, tomar forma na realidade. Nos últimos anos, com fortes chuvas, foram registrados vários deslizamentos do morro em direção ao rio. Alguns bastante preocupantes, com pedras enormes caindo sobre a estrada. Os deslizamentos passaram a ser tantos que a porção imediata do morro que se ergue após a Ponte do Arco mudou completamente sua fisionomia. Quem compara fotos atuais com fotos dos últimos anos, nota uma diferença enorme. E falamos de um morro que esteve bastante tempo conservado, o que se denota por exemplares de árvores que configuram um estágio mais avançado da cobertura florestal e não de uma mata recente evidente em territórios que foram alvo de desmatamento ou sofreram deslizamentos relevantes nas últimas décadas. Contudo, nos últimos anos o morro mudou inteiramente sua forma, exigindo do poder público várias medidas de contenção, inclusive com geocomposto para evitar erosão e buscar o restabelecimento da vegetação. Algumas coisas misteriosas surgiram com essas ações, como a aparição de duas cavidades no morro, que levantou as mais variadas especulações do povo, achando que podiam ser paleotocas ou algo ainda mais misterioso. Contudo, esses dois pontos dizem respeito à construção da ponte, tendo sido utilizados para dar sustentação às vigas na construção da ponte. No entanto, ouvi de uma testemunha envolvida em obras no local que também foram encontradas outras coisas mais. Em uma breve gravação de vídeo em baixa qualidade que me foi confidenciada, aparecia uma cavidade que poderia ser um desses pontos de ancoragem, apesar de não parecer com os das fotos, e nesse ponto parecia haver velas derretidas e, na parte superior, uma formação que se assemelhava a uma cabeça esculpida. Não se sabe mais detalhes do local ou do que seria aquilo, se seria um local usado para construção da ponte e que foi, depois, aproveitado para algum outro fim, ou qualquer outra possibilidade. Apenas se sabe que foi encontrado algo que levantou a curiosidade geral e que nunca foi respondido devidamente.


Duas cavidades encontradas
   

    Objeto de profecias apocalípticas do Santo Monge, lar de mistérios e protagonista de uma relação estranha com a cidade, esse morro certamente guarda mistérios em seus domínios. Quando se reúnem essas informações geográficas e casuísticas, pinta-se um curioso quadro. Qual o sentido dos avistamentos de OVNIs na região? Alguns teorizam a busca por recursos raros, que há algum tipo de mineral ou solo específico ali que eles aproveitam de alguma maneira. Outros, já partindo para teorias mais obscuras e não menos impressionantes, vinculam o aparecimento de OVNIs com algum tipo de mecanismo de auto regulação da Terra, que esses seres não seriam humanoides intergaláticos, mas co- habitantes deste mundo, porém pertencentes a outros estratos existenciais. Elementais, seres interdimensionais, nesta perspectiva os alienígenas seriam "alienígenas" por estranhos à nossa realidade e não por serem estranhos ao nosso planeta. Eles teriam motivos para nós ainda pouco claros para realizar pequenas intervenções no nosso mundo, estando isso vinculado a alguns lugares específicos e, muitas vezes, tidos como mágicos.
    O texto inicia com um clarão misterioso do qual pouco se falou, mas que naturalmente foi livremente associado por uma testemunha aos avistamentos recentes de OVNIs na região. Todos esses aspectos que vão se somando fazem pensar se há algum papel ainda maior para que esta região protagonize, também fazendo imaginar em distantes devaneios o que se pode ocultar naquelas matas densas, tão próximas à cidade, formando um terreno tão grande quanto o próprio centro urbano, mas habitado apenas pela flora e vida selvagem, e talvez misteriosas presenças que caminhem despreocupadas em lugares nos quais ninguém vê ou evoca em seus pensamentos. Os mistérios persistem e que assim permaneça.


  


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Rodovia Prefeito Affonso Naldony, Ewaldo Neubauer, Av. Leandro Muzzolon





"Uma das lendas mais difundidas na região de Porto e União da Vitória, cidades serpenteadas pelo rio Iguaçu, diz respeito ao deslizamento do morro, próximo a Ponte de Arcos, que dá acesso à cidade de União da Vitória. O morro deslizaria, obstruiria o canal do rio, alagando as duas cidades. A referida lenda é atribuída ao monge João Maria de Jesus. Sempre que ocorrem chuvas torrenciais e intermitentes, a população teme o deslizamento do morro, segundo a crença, predito na ocasião da passagem do monge, no ano de 1896 (registro de Cleto da Silva)."- Eloy Tonon em Os Monges do Contestado: Permanências históricas de longa duração das predições e rituais no imaginário coletivo, p..119






"Os feiticeiros sempre tiveram a posição anômala, na fronteira dos campos ou dos bosques. Eles assombram as fronteiras. Eles se encontram na borda do vilarejo, ou entre dois vilarejos. O importante é sua afinidade com a aliança, com o pacto, que lhes dá um estatuto oposto ao da filiação. Com o anômalo, a relação é de aliança. O feiticeiro está numa relação de aliança com o demônio como potência do anômalo."- Deleuze e Guattari em Mil Platôs, vol.4, p.24